Fala galera! Tudo certinho com vocês?
Estreando a sessão de "Especiais" do blog, decidi falar de um tema muito polêmico se tratando do mercado de games especificamente, e que vocês provavelmente já leram em algum outro lugar.
Pois é, é um tema bastante abordado em praticamente todo tipo de mídia referente à games, seja impressa ou digital, mas é sempre bom ver outro ponto de vista do assunto. Óbviamente, não viso mudar a opinião de ninguém com esse post e nem impor nada, pois é um assunto bem peculiar sobre um tema provavelmente sem solução; nada que se diga aqui vai ter valor efetivo no assunto.
Enfim, chega de papo, vamos começar!
Pirataria - Será que vale mesmo a pena?
Como não é mistério para ninguém, o enorme sucesso do PlayStation e do PlayStation 2, pelo menos no Brasil, deu-se ao fato de que ambos os consoles contavam (e ainda contam) com um grande mercado negro por trás da venda de jogos. Vamos recapitular, e analisar a situação do mercado na época da batalha PS1 x N64, batalha essa que custou a liderança da Nintendo no mercado de consoles.
Na época, o PlayStation, responsável por introduzir a Sony no mercado de video games, foi lançado com a nova tecnologia de jogos gravados em CDs ao invés de cartuchos. A Nintendo, desacreditando que essa tecnologia fosse durar por muito tempo, decidiu permanecer com as boas e velhas fitas, erro esse que custou caro para a empresa. Em diversos aspectos, os CDs eram mais desenvolvidos do que os cartuchos, o que tornava a segunda uma tecnologia obsoleta.
Além da capacidade superior de armazenamento e etc., o CD tinha outra característica importante (principalmente para esse texto): Era facilmente copiado. Dessa forma, você podia simplesmente comprar uma mídia virgem por um preço baixíssimo, gravar diversas cópias de um jogo e vendê-las a preço de banana, que ainda teria lucro, as pessoas teriam um game por um preço baixo e todo mundo sairía feliz. Enquanto isso, "do outro lado da força", os cartuchos do Nintendo 64 eram muito complicados de se copiar e mesmo assim precisavam que certas "gambiarras" fossem feitas com o console para que funcionassem, enquanto os originais eram vendidos por preços abusivos (lembrem-se que estamos sempre considerando o mercado brasileiro).
Sendo assim, um felizardo que possuísse um PS1 tinha acesso à uma variedade de jogos muito maior do que ele teria caso possuísse um Nintendo 64. Mas... será que valia a pena mesmo?
Normalmente, a reação das pessoas à essa pergunta é: "Não seja tolo! Óbviamente valia a pena. Com o preço de uma fita, era possível comprar uns 15 jogos piratas! Assim, podíamos jogar muito mais jogos!"
Mas é aí que o problema se econtra: Quanto mais jogos você tem, menos você os aproveita. Isso é algo bem óbvio, e que pode ser exemplificado muito facilmente, veja bem:
Suponhamos que você tenha vinte títulos para o seu PS1, enquanto seu colega tem apenas 5 para o Nintendo 64 dele.
Agora suponhamos que você esteja jogando seu recém-adquirido Resident Evil 2. Você está lá, feliz e saltitante passeando alegremente com Claire Redfield por Raccoon City, quando de repente... você empaca. Já tentou tudo o que podia, e nada de conseguir progredir. Como estamos falando de um tempo arcaico, não há internet para procurar detonados. Qual a atitude da maioria das pessoas diante essa situação? Trocar de jogo. Simples assim. Afinal, você tem mais 19 títulos à sua disposição, certo? E outra, esse jogo custou apenas 5 mízeros reais mesmo.
Mas, e quanto ao seu amigo "desatualizado", que possui o antiquado Nintendo 64, que ainda utiliza fitas caras e tem poucos jogos?
Suponhamos que ele também tenha comprado o Resident Evil 2 para o console dele recentemente. Ele também estava dando o mesmo passeio saltitante, com a mesma Claire, pela mesma Raccoon City, quando, de repente... empaca no mesmo lugar. Nessa situação, qual seria a atitude deste nosso amigo? Trocar de fita? Não! Ele simplesmente iria se esforçar pelo menos vinte vezes mais do que você para poder desempacar! Porque, afinal, ele só tem mais quatro opções de jogos, e todos eles já foram terminados com todos os extras possíveis e imagináveis. Como ele sabe que foi muito caro comprar aquela fita, ele a aproveita ao máximo que pode, jogando "até o caroço" do jogo. Zera, reinicia, zera de novo, completa todos os extras, procura todos os segredos, decora o jogo inteiro. E faz isso com todos os títulos que possui (e muitas vezes até mesmo com os títulos que alugou).
Não satisfeito, ainda te apresento outra situação muito comum da época:
Agora, suponhamos que entre os outros 19 CDs do seu PS1, você se depare com um jogo que, após jogar os cinco primeiros minutos do game, não lhe agrada. Basicamente o jogo é uma droga (sim, pois todo console é abarrotado de porcarias, e com o "menino de ouro" do PS1 não era diferente). O que você faz? Simplesmente o descarta. Joga fora, deixa no fundo do porta CDs, tanto faz. O fato é que nunca mais vai jogar o game de novo. Sim, porque você sabe que não pagou quase nada por esse jogo, e que em breve vai comprar mais uma dúzia de games novos, então esse não faz diferença nenhuma.
Agora, imaginemos que seu amigo do Nintendo 64, que acabou de fazer tudo o que há para se fazer e mais um pouco em Resident Evil 2 (enquanto você ainda está empacado, pois nunca mais tentou jogar de novo), ganhou uma fita nova de sua mãe. Eba, que alegria, agora ele tem 6 jogos! Mas... imaginemos que este jogo não seja tão bom assim. O que ele faz? Joga fora? Guarda na gaveta e nunca mais abre? Nem pensar! Por pior que o jogo seja, pode ter certeza que seu amigo vai jogá-lo até o fim. Duas vezes.
Não sei se deu para entender o que eu quis dizer. Apesar de aparentar ser uma vantagem, a pirataria não é algo tão bom como aparenta. Claro, às vezes, tem suas vantagens, pois pagando barato em algum jogo, às vezes você tem acesso à alguns títulos "obscuros" que você nunca compraria original por exemplo, mas mesmo assim, são poucas quando colocadas na balança. Com um jogo pirata, você não aproveita totalmente o game, é mais propício à abandoná-lo e não incentiva o mercado de jogos (incentivo esse responsável por grandes problemas atualmente, volto a falar disso mais tarde).
Com o lançamento do PlayStation 2, foi a mesma coisa. Rapidamente, descobriram como "destravar" o console (o que não era necessário no PS1) e a enxurrada de jogos piratas começou. Enquanto isso, a próxima cartada da Nitnendo, o GameCube, permanecia "travado" e na mesma situação de seu antecessor, o 64. Não preciso me alongar muito nesse caso, pois a situação é a mesma da descrita anteriormente; pode ter certeza que seus poucos amigos que tiveram um GameCube aproveitaram muito mais seus jogos do que você com seu PlayStation 2. Mas você provavelmente nunca nem chegou a jogar em um GameCube de fato, pois todos os seus amigos tinham o video game da moda, o "prei dois", e jogavam "uinimg elévem" todo dia (óbviamente estou generalizando. Mas vai negar que a maioria do público do PS2 era assim?), enquanto mal sabiam o que era um GC. Pois eu te digo: perderam a chance de conhecer um exelênte console, fadado ao fracasso como seu predecessor. E tudo por quê? Por causa da pirataria.
Mas aí você vem e me diz: "Mas Matt, você está falando de consoles antigos! Hoje em dia não é mais assim!"
... Ok, ninguém viria me falar isso, mas vou completar minha suposição mesmo assim.
Hoje em dia, a situação é basicamente a mesma. Enquanto um console da nova geração permanece apenas com jogos originais, os outros estão todos "destravados", rodando jogos piratas pelo país todo. Surpreendentemente, o console "travado" da vez é da mesma Sony que se consagrou em território nacional graças à pirataria.
Apesar do PS3 não ser um console tão bom quanto a concorrência, não vou entrar nesse mérito para não começar uma discussão desnecessária com gente que não entende que essa é a minha opinião. Mas enfim, o que quero dizer é que os proprietários de um PS3 aproveitam seus poucos jogos da mesma maneira que os felizardos donos de um Nintendo 64 ou um Nintendo GameCube faziam na época. Apesar de terem poucos títulos, os aproveitam ao máximo, por piores que sejam, pois sabem que não é fácil conseguir dinheiro para adquirir outro (claro que estou falando de gente comum, não dessas pessoas que não tem onde enfiar dinheiro e saem comprando tudo quanto é jogo que vêem na frente).
Aliás, atualmente é até um pouco melhor, pois com a internet e a grande quantidade de blogs, sites, revistas eletrônicas, revistas impressas e afins, é muito mais fácil filtrar o conteúdo que seu video game pode receber, o que torna mais difícil a compra de um jogo ruim por alguém que pesquise antes de adquirir um título.
Enquanto isso, os proprietários de um Wii ou de um XBOX360 passam pela mesma situação de que os antigos proprietários de um PS1 ou um PS2 (aliás, curiosamente, público atual do X360 é formado, em sua maioria, o por pessoas que possuíam um PS1/2).
No Wii, o caso é um pouco mais grave. Devido à proposta inicial do console ser um pouco diferente, o mercado de jogos para o console ficou rapidamente saturado de joguinhos de esporte com aspecto bobo. Infelizmente, isso manchou um pouco a imagem do console, dando à impressão de que o mesmo só possui jogos infantis ou de esporte, com gráficos toscos de "bonecos cabeçudos". O problema é que isso não é e nunca foi verdade. Simplesmente, este tipo de jogo é mais fácil de se fazer e, acreditem, dá mais dinheiro.
Agora você pode me dizer: "Mas Matt, você é louco? Como é que um jogo no estilo 'My Horse And Me' pode vender mais do que um jogo insano como MadWorld??"


Agora sim, isso sim é algo que alguém pode vir me dizer!!!
... Enfim, voltando à pergunta, eu lhe respondo: É simples, meu caro. O público do Wii vive clamando por jogos mais "maduros", os chamados "jogos hardcore" (denominação porca essa, mas isso é tema para outro especial), mas quando as empresas atendem à esses pedidos e lançam os tais "jogos maduros", o que esse mesmo público faz? Corre para a internet para baixar o jogo por torrent ou para o camelô para comprar pirata! Resultado: o tão esperado e bem aceito por crítica e público MadWorld não vendeu praticamente nada.
Comprando um jogo pirata, você tira o único incentivo da empresa que produz o game: o lucro. Ela não liga se o jogo é bom, se é um clássico ou se ele te deixa feliz; ela liga pro retorno que ele dá financeiramente. Se Final Fantasy vende, eles vão fazer mais Final Fantasy. Se Mario vende, eles vão fazer mais Mario. Se MadWorld não vende, eles não vão fazer mais MadWorld. Se My Horse And Me vende, eles vão sim fazer mais My Horse And Me, e em quantidade muito maior do que Mario ou Final Fantasy.
Aí você pergunta: "Mas como My Horse And Me vende mais que MadWorld? O jogo é uma bosta!"
E eu te responto novamente que é simples, meu caro. O tipo de público que compra My Horse And Me geralmente adquire seus video games em shoppings ou este tipo de loja autorizada, e alguns nem mesmo sabem que o Wii possui jogos piratas. Consequentemente estes jogos são comprados originais. Como o público que compra MadWorld decidiu optar por baixar o game, consequentemente ele vai vender menos cópias originais, e isso é óbvio.
Agora me responda você, caro leitor, o que você acha que é mais barato de se produzir? My Horse And Me ou MadWorld? Óbviamente, você respondeu o joguinho do cavalinho. E se o joguinho do cavalinho dá mais dinheiro do que o joguinho do moço que corta a cabeça dos outros, e ainda é muito mais barato de se produzir, qual você acha que vai ser a opção pra próximo título das produtoras? Lembre-se que eles estão pouco se lixando pra qual é melhor, eles querem é dinheiro!
Acho que me fiz entender. No final das contas, pirateando os jogos, acabamos prejudicando a nós mesmos, pois as produtoras se sentem menos motivadas a fazer jogos de qualidade, e com razão.
Não vou fingir que vivemos em uma utopia e fechar os olhos para a realidade. Sei que jogos originais estão fora do padrão aquisitivo de grande parte da população, e que pagar mais de 200 reais em um jogo está fora de cogitação. Mas... Convenhamos, todos nós sabemos que video games, principalmente os da nova geração, são objetos para pessoas com um nível de poder aquisitivo mais alto. Todos temos consciência disso, e não acho justo com os outros destruírmos todo um mercado simplesmente por comprarmos algo que não podemos manter.
Sobre o preço abusivo dos jogos, vamos tomar como exemplo o PS3. Em seu lançamento, os jogos custavam mais de 200 reais. Hoje, como não há opções "alternativas", todos os proprietários devem recorrer aos jogos originais, o que aumenta a procura e, consequentemente... Abaixa o preço. É muito fácil hoje em dia achar títulos de qualidade como Metal Gear Solid 4 pela bagatela de 100 reais. Agora, me responda, por quê um jogo gravado em Blu-Ray pode custar menos de 100 reais, enquanto outro gravado em DVD custa 250? Sim, pois esse é o preço médio do novo jogo do Mario para Nintendo Wii, na mesma loja em que os jogos de PS3 custam uma média de 100~150 reais.
Creio que o motivo seja óbvio.
Enfim, está na hora de pararmos e pensarmos: Vale mesmo a pena termos jogos piratas? Pois, como podemos ver, geralmente não aproveitamos jogos piratas do mesmo jeito que aproveitaríamos caso fossem originais, e ainda destruímos toda uma indústria com isso.
Sei que muitos de nós pensam "mas só eu não vou fazer a diferença." Isso é pensamento coletivo e errôneo, diga-se de passagem, mas não quero entrar nesse assunto. Vamos pegar só por esse lado: Se você não matar ninguém, isso não impede que outras pessoas matem. Já que não faz diferença, por quê não matar?
Vale mesmo a pena?
Sei que peguei um exemplo extremista, e eu odeio fazer isso. Mas dá pra ter uma noção da coisa, certo?
Enfim, para um texto que foi iniciado às 3h55 da manhã e finalizado às 5h44, acho que me alonguei bastante no assunto.
Mas de qualquer modo, gostaria de saber a opinião de vocês sobre o assunto! Comentem, vamos debater! Aqui é um espaço livre, e nós estamos sempre abertos para ouvir o que você têm a dizer, por mais absurdo que seja.
Bom gente, por hoje é só. Em breve devo aparecer com mais conteúdo para o blog.
See ya!